quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Reportagem sobre despoluição da Lagoa da Pampulha

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http://www.hojeemdia.com.br/horizontes/despoluic-o-completa-da-lagoa-da-pampulha-so-no-fim-de-2015-1.255104

Despoluição completa da Lagoa da Pampulha, só no fim de 2015

Renato Fonseca - Hoje em Dia




Eugênio Moraes/Hoje em Dia
Despoluição completa da Lagoa da Pampulha, só no fim de 2015   
 
Cerca de 230 mil metros cúbicos de sedimentos estão amontoados na própria lagoa

Na lista das grandes obras que nunca são concluídas em Belo Horizonte, como a ampliação do metrô e a revitalização do Anel Rodoviário, está a despoluição da Lagoa da Pampulha, uma novela que ainda vai se arrastar por muito tempo. A previsão mais otimista para o fim dos trabalhos – que prometem deixar o espelho d’água próprio para a pesca e atividades náuticas – é outubro de 2015. A nova data para a conclusão, no entanto, depende da sintonia de uma série de fatores.
A limpeza do cartão-postal chegou a ser anunciada com pompa, como um dos principais legados da Copa do Mundo.

Porém, atrasos no início da obra, readequações das máquinas de dragagem e entraves judiciais prejudicaram a intervenção. Basicamente, o projeto envolve duas frentes: desassoreamento e tratamento da água.
A retirada de sedimentos (terra, areia, entulho) do fundo da lagoa começou em maio de 2013 e deveria ter sido finalizada em 31 de outubro. O material era levado para bota-foras em Santa Luzia e Caeté, mas o recolhimento foi embargado pelo Ministério Público e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad). Segundo o gerente do Departamento de Obras de Infraestrutura da prefeitura, Heli Eustáquio dos Santos, o material ficou acumulado em uma área isolada e agora é levado para um aterro de Contagem, na Grande BH.
Já a segunda etapa, a recuperação da água contaminada, depende da implantação de quatro quilômetros de redes interceptoras de esgoto por parte da Copasa. O sistema será instalado ao longo de bairros próximos ao córrego Sarandi, em Contagem. Porém, as obras estão paralisadas em função de processos judiciais de desapropriação de 17 terrenos.

“Alguns desses processos estão parados há 11 meses”, afirma o gestor da Meta 2014 da Copasa, Valter Vilela Cunha.
Enxugar Gelo
Se as redes não forem implementadas, os trabalhos de despoluição da lagoa ficam comprometidos, uma vez que os sedimentos continuarão a ser carreados pelos rios até a lagoa. “Se continuarmos a desconsiderar todos os problemas do entorno, como as ocupações irregulares e a inexistência de sistemas de tratamento de esgoto eficientes, continuaremos mais tantos outros anos enxugando gelo, sem esses resultados constantemente anunciados como metas”, alerta o consultor ambiental Diego Lara.
A expectativa é implantar as redes interceptoras até o fim deste ano. Na sequência, em 2015, o cronograma prevê o tratamento da água da lagoa, em um período de dez meses, segundo informa o vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros. A recuperação apenas da água demandará R$ 40 milhões.
Obra
Quatrocentos e cinquenta operários, divididos em dois turnos, fazem o trabalho atual de desassoreamento, de segunda a sábado, das 5h às 23h. Aproximadamente 9.500 metros cúbicos de sedimentos são retirados do fundo da lagoa por dia. O material é levado por 150 caminhões. Em média, são realizadas 500 viagens por dia até o aterro de Contagem, a 35 quilômetros da Pampulha.

Equipe vai analisar risco de impacto ambiental

A destinação de cerca de 230 mil metros cúbicos de sedimentos, amontoados em uma área isolada da lagoa, é alvo de nova investigação do Ministério Público Estadual (MPE). Uma equipe técnica formada por professores universitários vai avaliar os possíveis impactos ambientais desse material.
Amostras serão analisadas por biólogos, engenheiros sanitaristas e ambientais, entre outros profissionais. Além de estudar a composição e o grau de contaminação, os técnicos irão ao aterro de Contagem, que passou a receber o resíduo, para saber se o espaço está apto a esta finalidade.
Segundo o promotor Mauro Ellovitch, coordenador regional das promotorias de Meio Ambiente, o custo da pesquisa e os valores cobrados pelos profissionais serão arcados por meio de um fundo estadual, que é previsto em lei. Após os trabalhos, uma ação será ajuizada exigindo que a Prefeitura de Belo Horizonte arque com os gastos.
Notificação
Em abril deste ano, a prefeitura foi notificada a apresentar um relatório sobre a composição da terra dragada. Porém, o documento apresentado não atende às solicitações, segundo informou o MPE. “Nossa expectativa é a de que a equipe esteja formada até o fim de agosto e o novo relatório fique pronto, no máximo, em 90 dias”, disse o promotor Mauro Ellovitch.
A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) alega que os estudos solicitados foram apresentados e considerados “suficientes e adequados” e que o atual espaço, em Contagem, é licenciado e está dentro das especificações para receber os sedimentos.

Qualidade da água é ruim

O último Índice de Qualidade das Águas (IQA) da bacia da Pampulha, elaborado no quarto trimestre de 2013, mostra que quase 80% do espelho d’água está deteriorado: 58% é considerado “ruim” e 20% “muito ruim”.
Conforme relatório do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), as amostras indicam presença elevada de esgoto industrial e doméstico, tornando a água imprópria para consumo, pesca e atividades náuticas.
O IQA define um conjunto de parâmetros considerados mais representativos para a caracterização da qualidade das águas, como oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, nitrato, fosfato total, variação da temperatura, dentre outros.

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